sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Desencontro - Capítulo 11 de 'Vento no Litoral'

Capítulo  11 – Desencontro – PVO Jacob



Meu coração estava despedaçado. Sentia uma aflição enorme e não queria abandonar Ness naquele momento. Por isso me despedir dela foi uma das coisas mais difíceis em minha vida. Sabia, no entanto, que precisava seguir ordens e servir o meu país. Era um militar e os meus deveres deveriam estar sempre em primeiro plano.





Antes de embarcar no avião, fiz um contato com o meu comando imediato e recebi ordens para seguir para o Porto de Charleston, na Carolina do Sul. Não entendia, entretanto, o motivo de um navio de guerra da marinha dos Estados Unidos estar em um porto civil. Só soube os motivos quando cheguei ao porto e me apresentei ao comando imediato.



Aquele navio estava em missão, na América Central, provavelmente algo relacionado aos Cubanos que fugiam pelo mar todos os dias e acabavam naufragando, o que deixava para o nosso governo a tarefa de resgate  e repatriação.



Apresentei-me devidamente e fui conduzido a minha cabine, a que dividiria com mais três marinheiros, Jonathan, Alan e Stivie, que mais tarde se tornaram grandes amigos e bons ouvintes das minhas lamúrias diárias.



Estava triste, cansado da viagem, entediado e com saudade da “minha” Ness... Sim! “Minha!” Ela havia confessado o seu amor por mim e era “minha mulher”. Cumpriria os meus deveres com o meu país e depois voltaria para me casar com ela... Aquele era o meu plano naquele momento.



A saudade que sentia era tão grande, que me causava uma dor física e os longos dias que passei em alto mar, só faziam aumentar a minha angústia diante daquela separação. Então comecei a fazer meditação oriental com Alan, que era um excelente professor e aprendi a jogar Xadrez com Jonathan, que era um exímio jogador e me distraía por longas horas. Já com Stivie, ouvia longas conversas sobre as suas aventuras amorosas, amantes e confusões em que se metera. Ele era um cara muito engraçado e mesmo quando a dor que sentia era grande, conseguia me fazer gargalhar dos “causos” que contava. Alan, dizia que aquilo tudo se travava de conversa de pescador, mesmo assim eu me divertia bastante com as suas bizarrices.



Perdi  a conta de quantos dias ficamos no mar, paramos em portos da África, depois em Portugal, Espanha, França, Grécia até chegar a faixa de Gaza, onde ficaríamos por um “longo” tempo e daríamos cobertura para os soldados e caças aéreos que estavam revoando o oriente a procuram de Osama Bin Laden.



Depois de onze de setembro a vida dos jovens, militares, americanos se tornou um verdadeiro inferno. O nosso presidente abriu guerra contra o terrorismo e a marinha, aeronáutica e o exército foi enviado para a região mais turbulenta do mundo.



As pessoas nos odiavam e de certa forma até compreendia a atitude. Éramos vistos como os bichos papões, e todos já nasciam sabendo que deveriam odiar os americanos.

Israel, que há muito tempo já era considerada uma base militar americana no oriente, já não sedia tanto as pressões do nosso país, mas mesmo assim continuava a servir de base para os nossos militares. E como já tinha um conflito que durava “muitos” anos com os palestinos,  se valeu disso para aumentar o seu poderio na região.



Sinceramente, eu odiava aquilo tudo. Não entendia como um local onde ficava a “terra Santa” poderia ter tanto ódio. Pessoas nasciam, cresciam e morriam aprendendo a odiar e se defender dos seus “inimigos”. Acho que muitas delas nem conheciam o real significado daquela guerra e suas origens, mas na maioria às vezes até se matavam, como homens e mulheres bombas, acreditando que iram para o paraíso daquela forma... Santa ignorância! Aquilo tudo me cansava, a hipocrisia dos governantes daquela região me cansava, não agüentava mais ver mortes, bombardeios, mesmo que pelos noticiários. E perceber que o meu trabalho ali só servia para aumentar o ódio dos palestinos, iranianos, talibans, afegãos, entre outros, só me dava mais certeza que aquele não era o futuro que queria para mim. Que não queria aquela vida e que ao terminar o me período de serviço, mais  um ano, voltaria para Washington e reencontraria o amor da minha vida, construiria uma casa na beira da praia e teria os meus filhos longe de todo aquele ódio, de toda aquela sangria e desespero.



Era claro que concordava que os grupos extremistas deveriam ser presos e punidos, mediante a lei dos homens, e não assassinados, esmagados e humilhados, como ocorria em muitas prisões. Mas continuar ali era só questão de tempo... Só isso.



Conheci muitas pessoas, soldados na maioria. Eu convivi com algumas famílias americanas que viviam naquela região, conheci também muitos lugares, que se não fossem as circunstâncias, acharia lindos. Fiz muitos amigos e tive tempo para planejar toda a minha vida.



Em uma viagem rápida ao Egito, aproveitei para comprar as nossas alianças e mesmo não tendo oficializado noivado, e muito mesmo o casamento, já usava como se fosse um homem casado.



Para ela comprei uma aliança de ouro, cravejada com pequenos diamantes. Pedi para que gravassem as nossas iniciai nas duas alianças e a guardei comigo, pendurada no cordão do meu pescoço, para que não houvesse possibilidade de perder. E todos os dias eu a olhava e imaginava como ficaria linda em seu dedo. Sorria imaginando a minha pequena com um lindo vestido branco, a caminho do altar, passando por um longo tapete vermelho, igreja decorada com flores, amigos felizes, a família compartilhando da felicidade por aquela união, o sorriso mais lindo em seu rosto e os olhos cheios de lágrimas. Aquela era a visão que tinha todos os dias.



Um belo dia, um mês após a minha partida de Washington, quando estava de carro com os meus amigos Alan, Jonathan e Stivie, em nossa merecida folga, “passeando” por Israel foi que tudo ocorreu. Na verdade eles estavam atrás de turistas americanas. Aquela era a diversão nos dias de folga e pela primeira vez eu os acompanhei naquela farra. Nunca me permiti sair com eles para farrear nos portos em que paramos ao longo daquela viagem, mas naquele dia algo me empurrou para aquela aventura.



Chegamos à um bloqueio do exército Israelense e nosso carro ficou parado logo atrás do de uma família. Vimos quando o soldado se dirigiu até a família. A senhora que dirigia o carro, que deveria ter aproximadamente seus cinqüenta anos, com seus cabelos grisalhos e expressões faciais de uma pessoa de idade, saiu do carro e apresentou os documentos para o rapaz. Percebi que a sua expressão mudara radicalmente e começou uma discussão. Ele a empurrou contra o carro, fazendo a cair e se machucar. Os jovens que a acompanhava, um rapaz e uma garota adolescente, saíram para acudi-la.



Acabei perdendo o meu controle quando percebi a agressão sem justificativa. Sai do carro, sem dar ouvidos aos pedidos dos meus amigos, e caminhei até lá.



- Você fala a minha língua¿ - Perguntei rispidamente para ele. – FALA A MINHA LINGUA¿



- Falu um poco de igles. – Respondeu com o sotaque muito enrolado, parecendo uma pessoa completamente bêbada.



- Ela podia ser sua mãe, seu imbecil – Apontei o dedo na cara dele e me empurrou.



- American, no se meta! – Ordenou me jogando para trás.



- Você não pode agredir uma turista! Ainda mas sendo uma senhora de idade! Entendeu¿ - Ele me empurrou novamente e dei um soco no rosto do soldado. Minutos depois outros vieram ao seu socorro, começaram a me socar e me chutar no chão. Meus amigos vieram ao meu socorro e apresentaram as nossas credenciais militares.



- Somos marinheiros americanos! – Alan disse tentando aparentar calmo.



- No interesa! Estan em territorri Israelense e su amigu está preso! – O oficial disse, me levantou e fui algemado.



- Isso não ficará assim! Você agrediu uma cidadã e seus modos não condizem como a de um militar.  – Disse com raiva para ele.



- Ela é palestina! – Disse Stivie olhando o documento da senhora



- “FO”! Ela poderia ser até a mulher do Sadam ou o Osama! Ele não tem direito de agredir essa senhora. – Estava completamente fora de mim, diante daquela situação completamente absurda.



- Cala a boca, Jacob! Vai piorar a sua situação! “CA”! – Alan gritou.



Os soldados israelenses começaram a falar no seu idioma, não entendia direito, mas pelas suas expressões pareciam felizes em “FU” com um americano.



Fui encaminhado para uma prisão militar e tive que esperar algumas horas até o advogado da embaixada ir falar comigo. Depois fui informado que seria julgado e se condenado passaria um mês ou mais em uma prisão israelense. Mas que tentaria negociar, para que eu cumprisse a minha pena em uma base americana, localizada no território de Israel.



Dois dias depois fui levado até a corte marcial, onde tive um julgamento até honesto, considerando-se as circunstâncias, e o meu advogado conseguiu aliviar a minha pena, para que não fosse para uma prisão israelense. Assim fui conduzido para Ramla, em uma base americana, onde fiquei “preso” em um quarto, com TV a cabo, cama, ar condicionado e ainda podia sair uma vez por semana para banhos de sol. E como fiquei amigo do militar, que cuidava da prisão, às vezes me permitia sair  para passeios noturnos. Mas mesmo recebendo aquelas regalias, achava injusto ser condenado por defender uma palestina, porque a alegação de que aquele tratamento era normal, devido ao fato de muitos entrarem como turistas, para explodirem bombas e instaurarem o caos, não me convencia e não achava justo aquele tipo de atitude vinda de um militar.



Tudo parecia bem, até que três dias depois da transferência para a prisão naquela base militar, recebi uma notícia que tirou completamente o meu chão e ao mesmo tempo me fez agradecer a Deus por está na hora certa e no lugar certo.



Por alguma razão, que desconhecia, Deus tinha um plano para mim e me colocou no caminho daquela senhora, sabendo que eu a ajudaria, mesmo enfrentando os militares israelenses. Assim me mandou para uma prisão e me tirou daquele navio.



- JACOB! JACOB! ACORDA! ACORDA! – Maison me acordou aos berros.



- O que foi, cara¿ - Disse assustado ao acordar.



- Liga a TV! – Ordenou, peguei o controle e liguei.  – Coloca na BBC! Eles estão com furo de reportagem. Olha o que aconteceu com o seu navio.



Quando liguei a TV, havia uma repórter da BBC de Londres noticiando que no navio havia sido bombardeado naquela madrugada. Que segundo suas fontes quase todos os militares estavam mortos quando o navio afundou. Que ainda tentaram tirar alguns de lá, mas tudo aconteceu muito rápido e não houve tempo para salvar as vitimas.



A marinha americana enviaria mergulhadores para tentar salvar algo, começariam uma tentativa inútil de resgate, mas que a possibilidade de sobreviventes era quase nula.



Naquele momento chorei pelos meus companheiros, amigos fieis que fiz ao longo dos dias que passamos juntos, outros que só conhecia de vistas, que vi trabalhando ou passando o tempo. Também pelos pilotos dos caças que estavam naquele navio, com a missão de sobrevoar a faixa de Gaza e combater os caças palestinos.



Parecia que estava em um filme de terror, onde era o único sobrevivente de uma chacina. E pela vontade de Deus, estava preso e seguro em uma prisão militar americana, longe dos israelenses e palestinos, longe da guerra que viria nos próximos dias, pois certamente o meu país reagiria àquela afronta e independentemente do grupo que assumisse o atentado, muitas pessoas, ma maioria inocente, morreriam naquela guerra insana.



- Maison, preciso que mande um email, mensagem ou ligue para esses números que te passar. Precisa avisar aos meus pais e a minha noiva que estou vivo. Por favor! Faça isso por mim! Eles já perderam o meu irmão e devem está surtando ao imaginar que morri também



- Sabe que não posso, Jacob! – Disse sem jeito.



- Por favor! Ninguém precisa saber. Você pode acessar internet e telefone. Basta ligar para os meus pais e a minha namorada. E em último caso, passar um email para ela. Se não conseguir falar com a Ness, ela verá o email e saberá que estou vivo e bem. Faça isso por mim! – Implorei e ele assentiu com a cabeça.



Redigi o email, anotei o endereço e os telefones. Depois os entreguei, na esperança dele conseguir avisar sobre  meu estado para a minha família. Só precisava daquilo naquele momento. E não sabia quanto tempo permaneceria incomunicável.



Continuei preso até terminar o meu período de reclusão, vendo pela TV as notícias de confrontos, atentados e vítimas. E cada vez mais tinha a certeza que deveria ir embora para casa... Só pensavam em voltar para os braços da minha Ness, imaginando como deveria estar aflita com todas as notícias.



Depois de um mês, sai da prisão de Ramla e recebi uma notificação para me apresentar em outro navio.



Um ano se passou e finalmente poderia pedir dispensar do serviço militar. Fiz a minha carta de dispensa e apresentei ao Almirante.



Ele até  tentou me convencer que aquele não era o melhor momento para abandonar a marinha, que a pátria e os companheiros precisava de mim.Mas além de não agüentar mais a saudade, que apertava em meu peito nos momentos do meu dia, também não suportava mais tanto ódio, sangue e sede de vingança. Aquela não era a vida que queria e não havia hipótese de continuar numa guerra que não era minha.



Pediu-me para espera até um navio voltar aos Estados Unidos, mas sabia que poderia demorar meses para aquilo ocorrer. Então preferi pegar o primeiro avião que partiu de Israel no dia da minha dispensa e segui para a Espanha.  E de lá pegue uma conexão para Washington.



Ainda e território israelense, tentei contato telefônico com Ness, mas não consegui. Resolvi então lhe enviar um email, mas o mesmo retornou  achei aquilo estranho.

Quando cheguei a Espanha, liguei para a minha mãe e contei brevemente o que havia acontecido. Perguntei sobre Ness e ela disse que se mudaram quando ela estava perto de ir para a Universidade. Garanti então que em breve estaria em La Push e que depois procuraria por meu amor nas irmandades de Washington, com  a certeza que a encontraria muito breve.



Quando cheguei a La Push, minha mãe estava triste, acabada e parecia não ter nenhuma razão para viver. E me confidenciou que pensou que mais uma vez perderia o filho.

Passamos o dia juntos, passeamos e conversamos sobre tudo. Contei-lhe sobre os meus planos de ir para universidade, sobre o plano do casamento e  mostrei as alianças que havia comprado.



Depois de curtir a minha mãe e descansar da longa viagem, tentei ligar para o celular da minha Ness várias vezes, mas o número estava como inexistente. Passei emails, que voltaram. Tentei encontrá-la no Orkut e no facebook, mas também não consegui contato.



Nessa época encontrei com Embry, um dos seus antigos amigos, e contei o que havia me acontecido. Foi então que ele me contou sobre a mudança dos Cullens, a represália que Ness sofreu na cidade, sobre o fato de ter excluído os contatos virtuais depois das mensagens e trotes. E de não ter mais conseguido falar com o seu telefone.



Naquele momento me veio um insight na cabeça e comecei a imaginar se Mason havia conseguido falar com ela. Se havia conseguido transmitir a mensagem e se ela sabia que eu estava vivo. Tive medo ao pensar que na sua cabeça eu estaria morto e como deveria ter sofrido com aquela notícia.



Comecei uma busca implacável nas Universidades de Washington e por três meses percorri várias irmandades e fraternidades, fiz contatos com pessoas que cursavam medicina, procurei reitorias das universidades e não havia nem sinal dela.



Cheguei então a conclusa que ela não estava em Washington e não sabia como encontrá-la em um país tão grande, com um número grande de universidades. Então comecei a procurar na rede pelo nome Cullen e descobri que o sobrenome era mais comum do que supunha. Só Edward Cullen encontei uns 30 no Orkut, na lista telefônica também havia uma quantidade considerável de pessoas com aquele sobrenome.



Resolvi procurar o nome Renesmee, mas não encontrei nada relacionado e comecei a sentir que encontrar o amor da minha vida não seria tarefa fácil e rápida.



Fui até algumas agências de investigadores particulares, mas o valor do honorário era exorbitante e dado ao óbvio fato de ainda não ter arrumado um emprego, não poderia contratar nenhum detetive particular para encontrar Ness. Naquele momento eu senti muito desespero e me arrependi de ter partido, deixando o meu amor para trás e pensando como ela se sentia achando que eu estava morto... Aquele pensamento era simplesmente terrível para mim, mas eu não desistiria de encontrar a mulher da minha vida e sabia que se Deus havia me poupado a vida, que algo de bom ainda me aconteceria em breve.



Seis meses após o meu retorno, resolvi ouvir os conselhos de minha mãe e voltar a viver. Comecei a estudar engenharia mecânica na Universidade de Washinton, arrumei um emprego de meio período em uma oficina em Seattle, para continuar a guardar todo o dinheiro que ganhava, pensando em um dia construir um negócio próprio e um lar confortável para Ness.



Por seis longos anos eu só trabalhei e estudei, não me divertia e durante esse período não consegui me envolver sério com ninguém, pelo óbvio fato de não conseguir me entregar a um novo amor.



Ainda tinha esperanças de reencontrar Ness e casar com ela. E pensando daquela forma, todos os fins de tarde, geralmente quando o sol estava se pondo, ia para a praia e sentava na pedra onde a vi pela primeira vez.



Aquela era a minha rotina, minha vida e não mudaria o fato por nenhuma mulher. Por isso um envolvimento sério nunca aconteceu e as duas “namoradas” que tive, não duraram mais de seis meses.



Logo no quarto ano, abri uma oficina e contratei os primeiros funcionários. E dentre eles arrumei a primeira “namorada”: Emma.



Ela era linda, loira, olhos azuis, corpo escultural e inteligente. Trabalhava como secretária e em poucas semanas trabalhando comigo, acabou me seduzindo. Confesso que não consegui resistir a sua beleza e levei o relacionamento poucos mais do que uns beijos. Mas Emma não se conformava de me ver correr todo fim de tarde para a praia, para chorar a minha perda, ainda mais quando não a permitia ir comigo.



Foi um relacionamento conturbado demais e estava me atrapalhando os estudos. Porque além de trabalharmos juntos, ela fazia faculdade na mesma universidade e sempre que via alguma garota se atirando para mim, tinha crises de ciúmes e arrumava brigas. Assim o relacionamento não perdurou mais do que quatro meses e achei que nunca mais me envolveria com mulher alguma. Principalmente levando-se em consideração que ainda pensava em Ness e tinha esperança de um dia ela voltar para Forks.



No meu quinto anos de faculdade, já era um homem bem estruturado e como tinha mais cabeça do que os rapazes da minha idade, na época iria fazer vinte e seis anos, consegui juntar uma boa quantia em dinheiro e abri uma concessionária de carros ao lado da loja.



O negócio foi de vento em poupa e muitas pessoas saiam de outras cidades para consertar  e comprar os carros em Forks. Assim eu conheci a segunda e última “namorada” que tive no meu período de solidão.



Valery  tinha 24 anos, era estudante de medicina, cabelos ruivos, olhos verdes, um corpo franzino e muito sensual. Parecia uma dessas modelos de capas de revistas e tinha uma cabeça “aparentemente” boa. Mas com dois meses de namoro, resolveu que tínhamos que morar juntos. Só que eu não queria um relacionamento sério e lhe contei sobre Ness, sobre o meu sofrimento e o fato de esperar que um dia ela voltasse.



A mulher praticamente surtou e começou a fazer a minha vida em um inferno. E para piorar a situação, descobriu que estava construindo uma casa nos penhascos e as nossas brigas ficaram mais intensas.



O relacionamento durou seis meses e quatro dias, quando terminamos em uma discussão calorosa, onde jogou na cara que não era bom o suficiente para ela, que ficaria a vida sozinho em uma casa vazia a espera de um amor que nunca voltaria. Falou tantas coisas horríveis e me magoou muito com as suas colocações.



Fiquei muito magoado e cheguei a conclusão que mulher alguma chegaria aos pés de Ness. E que não permitiria que nenhuma outra viesse a estragar os meus planos de futuro. Por isso, já que não tinha intenções de casar e construir uma vida com nenhuma outra, não me envolveria mais em confusões amorosas. Continuei assim construindo a “nossa casa”... Sim! “Nossa”! Sabia que um dia ela voltaria e veria todos os detalhes da casa que construía. E foquei a minha vida em construir um futuro. Expandi os meus negócios e quando terminei a faculdade de engenharia já tinha três lojas e duas oficinas. Dei uma casa bonita para minha mãe e coloquei uma boa empregada para cuidar dela. Comecei a fazer pós graduação em administração e curso de pintura.



Pintura era um dos meus melhores passatempos. Sempre gostei de desenhar e ao longo daqueles sete anos eu havia feito milhares de desenhos de Ness. Tinha medo de me esquecer dos detalhes do seu rosto, por isso todos os dias, sempre que voltava da praia, sentava-me a varanda da minha mãe e desenhava o seu rosto. E quando comecei a pintar, as lembranças de sua face eram a minha fonte de inspiração e fiz vários quadros, de todos os tamanhos, com ela em várias posições, sorrisos diferentes, lágrimas nos olhos, expressões de contentamento, a expressão da tristeza da partida e a face de gozo que fez quando fizemos amor pela primeira vez.



Eu via os traços do seu rosto todos os dias de forma clara. Sentava-me na pedra, colocava os pés dentro da água, olhava o horizonte com o lindo por de sol, via o seu rosto entre as nuvens do céu e depois começava a pintar os quadros, ainda observando o horizonte dando origem ao crepúsculo.



Algumas pessoas me achavam um louco, outras me achavam um romântico, mas eu me considerava apenas um homem que amava intensamente uma mulher há sete anos e que esperava um dia reencontrá-la. Não tinha vergonha de dizer sobre o amor que sentia, de chorar quando falava dela e me emocionava quando comprava os objetos de decoração da casa.



As vendedoras davam em cima de mim e se derretiam quando contava a história de um marinheiro que estava a espera da “sua mulher”. Olhavam a aliança em meu dedo e não acreditavam que eu a usei todos os dias. Que fiz tudo em minha vida pensando em um reencontro, que sonhei milhares de vezes com as coisas que diria quando a visse novamente... Elas realmente suspiravam e me ajudavam a comprar as coisas para a casa.



Fiquei mais dois anos decorando a “nossa”casa... A casa dos meus sonhos, que ficava no lugar mais alto de La Push, de onde se via toda a orla, a praia, a reserva e ao longe um pequeno arquipélago. Era o mesmo que me levou de barco no dia que fizemos amor. O mesmo que me mostrou no dia em que me levou aos penhascos.



Eu olhava aquela vista e me lembrava de nós dois olhando para ela. Via os olhos lacrimosos, a face triste e a forma apaixonada como me olhava. Sentia meu coração apertar e doer de tanta saudade.



Às vezes minha mãe dizia que nunca viu alguém amar e se dedicar tanto a uma pessoa. Que eu merecia muito mais do que as lembranças. Chegou a me pedir para desistir e tentar encontrar uma moça boa para me fazer feliz. Chorava quando me via naquele desespero. Quando me presenciava pintando os quadros com seu rosto, com lágrimas nos olhos e a mesma face triste que tinha no dia que parti. Ela sofria muito por ver o único filho infeliz, sofrendo por amor, ansiando por um encontro que não sabia se um dia aconteceria. Mas não conseguia mudar as coisas. Não conseguia me esquecer de Ness e do amor que sentia por ela. Orava para Deus todos os dias antes de dormir, e às vezes ao acordar, para que um dia me trouxesse de volta o amor... Era só disso que precisava.



Nove anos depois a minha casa estava pronta, linda, bem decorada, tinha leveza em cada detalhe, móveis claros e ambiente tranqüilizador. E depois que vi o resultado do meu amor em cada cômodo, senti-me estranho em me mudar para lá sem ela. Era doloroso demais entrar naquela casa vazia e constatar que a razão de tudo aquilo não estava ali, e talvez nunca estaria, aumentando ainda mais a sensação de solidão. Fazendo aquela dor, já que tinha diminuído durante aqueles anos, aumentar gradativamente.



Era tão triste estar naquela casa que depois que resolvi, finalmente, me mudar para lá, não conseguia se quer dormir no “nosso” quarto... Sim! Eu nunca dormir no quarto que fiz com tanto amor. Nunca consegui.



Coloquei uma cama no sótão, ao lado do meu material de pintura, que ficava de frente para a janela e me dava uma perfeita vista. Ali dormi muitas noites e outras passei acordado olhando o luar, vendo as estações passarem, o inverno chegar de forma brutal fazendo o vento uivar ferozmente. Ouvia os galhos das árvores chocalhando contra as janelas, via os flocos de neve caindo e a paisagem inspiradora se transforma em algo tão triste quanto o meu coração.



O inverno se foi e a paisagem novamente começou a mudar. E da janela daquele sótão, que havia se transformado em meu quarto, acompanhava sozinho a mudança da paisagem enquanto pintava o rosto de Ness.



Aos poucos percebi que tudo o que havia construído ao longo daqueles dez anos já não me servia de nada. Que o trabalho, as lojas e as oficinas já não me davam mais prazer.  Senti-me só, vazio, sem esperanças e a necessidade de amor só crescia quando via os pais passeando com os filhos, os casais enamorados pela praça da cidade, as jovens encantadoras daquele lugar se derretendo para mim, na esperança que um dia eu me esqueceria do meu amor perdido e abriria o meu coração novamente. Percebi que a minha vida não fazia nenhum tipo de sentido e que aquele lugar só servia para me fazer ainda mais infeliz.



Uma tarde quando já era verão, peguei o barco que havia comprado, chamado “Vento no litoral”, comecei a navegar até aquele arquipélago e resolvi nadar sozinho, para reviver aquele dia em que ficamos juntos, reviver o dia em que fiz amor a primeira vez.



Em um primeiro momento, já estava melancólico demais, sentei-me na proa do barco, olhei para o céu e pela primeira vez resolvi falar para Deus o que sentia. Sabe, aquela não foi uma simples oração, mas sim uma conversa sincera e de coração aberto. Conversei com ele como se fosse um amigo e disse tudo o que sentia. Implorei pela sua misericórdia e por amor. Pedi que se não fosse possível trazer “minha” Ness de volta, que ao menos me permitisse amar outra mulher. Porque por mais amor que sentisse por ela, a minha vida tinha que continuar e não podia me negar construir uma família. Queria minha casa com a alegria de crianças correndo, beijar meus filhos e dá o carinho que nunca tive. Precisava de alguém para conversar e me abrir, e a única pessoa que fora  capaz de fazer isso foi Ness.



Não seria desleal com ela se reconstruísse a minha vida... Não! Não mesmo! Por dez anos eu esperei aquela mulher e meu coração foi só dela. Nunca permiti amar ninguém como eu a amei. Mas precisava voltar a viver novamente.



Mergulhei no oceano por um longo tempo e rememorei a tarde inesquecível que passamos juntos. Depois voltei para aquele barco e chorei... chorei... como eu chorei.



A medida que os dias foram passando, estava mais convicto que ir embora de La Push e reconstruir a vida em outro lugar era o melhor a se fazer. Manteria os meus negócios e eventualmente visitaria a cidade para ver a minha mãe, os amigos que fiz e cuidar do meu patrimônio. A casa, a que fiz com amor e veneração, ficaria fechada e mulher alguma pisaria lá. A cama de casal permaneceria intacta, os quadros não levaria comigo. Eles eram lembranças dos anos mais tristes da minha vida. E não precisava de vários quadros para me lembrar dos traços delicados do seu rosto. Se os levasse comigo, certamente não conseguiria seguir em frente, não conseguiria abrir meu coração e continuaria preso as lembranças. Por mais que me doesse... Sim doía... Eles ficariam na casa, guardados assim com a minha dor.



Cheguei a um ponto, que era um homem com quase trinta anos, o solteiro mais cobiçado e infeliz de toda a região, sem a menor perspectiva de felicidade. E só esperava que Deus me permitisse ser feliz novamente... Ele não havia me salvado de um bombardeio só para me fazer ainda mais infeliz... Não mesmo.



Durante três dias refleti sobre as minhas possibilidades, então me despedi dos meus funcionários, da minha mãe, arrumei as minhas malas para finalmente ir embora.



Tranquei  a casa, coloquei as malas no porta mala do meu carro, entrei, liguei o som do carro e coloquei “pela última vez” a nossa música. Decidi que depois daquele dia, que nunca mais ouviria “Vento no litoral” novamente. Apenas começaria uma vida do Zero, em Edmond, lugar que escolhi aleatoriamente olhando revistas de turismo. Talvez naquele lindo lugar a vida me trouxesse algo de bom.



Estava na saída de La Push, quando resolvi voltar e ver o por do sol pela última vez na “nossa pedra”. Afinal não poderia partir sem olhar aquele lugar, o que nos encontramos pela primeira vez, o que nos beijamos pela primeira vez, o que senti amor e que achei que finalmente seria amado... Precisava olhar o horizonte e dizer adeus após dez anos de uma espera inútil.



Estacionei o carro na encosta, sai, fechei a porta, caminhei lentamente até chegar a areia da praia. Segui eu caminho até aquela enorme pedra a beira mar. Sentei e comecei a sentir a brisa do vento acariciando o meu rosto. Meus olhos já estavam cheios de lágrimas, já sentia saudade daquela paisagem que foi parte da minha vida por tanto tempo. Era como estivesse abandonando parte da minha história... Mas eu precisava recomeçar... Sim! A vida continuava e me entregar seria uma bobagem. Eu amei muito e também fui muito amado. Era isso que levaria comigo... Só isso! Se a vida não cruzou os nossos caminhos e não permitiu que eu a encontrassem em dez anos, era porque não fazia parte do nosso destino ficarmos juntos...



Tentei, procurei, lutei e guardei o bem mais precioso: “Meu amor”. Partiria dali levando a coisa mais importante do mundo em meu coração: “Seu amor”. Sabia que ela também havia me amado e que provavelmente havia sofrido achando que estava morto. Mas o amor entre nós sempre foi real e só isso levaria comigo. As tristezas e as brigas, deixaria o vento levar consigo... Guardaria somente o que foi bom.



E a vida continua

E se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui

O que posso fazer

É cuidar de mim

Quero ser feliz ao menos...

Lembra que o plano era ficarmos bem...

Bemmm!



Lentamente levantei daquela pedra e me virei para partir. De repente... Meu coração parou.



Estou vendo um fantasma¿ Isso é apenas a minha imaginação me iludindo¿ Ou será que Deus ouviu as minhas preces¿


Nota Glau

MULHERES DE POUCA FÉ! NÃO CONFIAM EM MIM¿ SHUAHSUASHAU
Muito decepcionada com as minhas leitoras. Kkk Quer dizer que só a Paulinha confia em mim¿ Ah Não! A Paulinha foi esperta! Ela concluiu o lógico. Não foi, gente¿ Se o Próximo PVO era do Jacob, como ele poderia estar morto¿ Ahshahsahu Acho que vcs não lêem ou não prestam a atenção nas notas que escrevo.

Por falar em nota, gente vcs não toram na enquete para a próxima fic.

Quem não sabe sobre ela, dê uma lida na nota de abertura do último cap da herderia.

Temos duas fics para escolher: A outra ou Guerra dos sexos. E a enquete foi aberta no blog. Então VOTEM



EU MEREÇO MAIS RECOMENDAÇÕES¿ HEIM¿ MEREÇO¿ KKKK



O próximo cap é o penúltimo e é PVO da Ness contando como forma dos dez anos e o reencontro com o Jacob

Estou de licença médica, mais uma vez por ferrar os meus braços. Sei que fui bem imprudente fazendo esse cap e isso me custará caro. Ao invés de 10 sessões de fisioterapia, terei que fazer 20, pois estou com a dor irradiada pegando do pescoço até os dedos, nos dois braços... Vou pagar um dinheirão e ainda estou gastando muito com remédio. Não se assustem se eu sumir da net e não comentar as fics. Mas dessa vez a coisa ficou muito séria e se não tomar jeito, pode não haver volta para mim.
A Michelle, Elis, Valeria e Heri se ofereceram para digitar os caps para mim. Então mais uma vez vou tentar gravar e mandar por email para uma delas.
No momento essa é a única solução que tenho. Então peço mais uma vez qu tenham paciência comigo. OK¿ Sorry!




Bjus no core
---XX---
n/heri:
Da vontade e bater na Glaucia, como faz o cara sofrer tanto assim? 10 anos de solidão e sofrimento.....(brincadeira amiga...vc é D+,sabe q te amu)
Meu Deus, quem não se emocionou aqui? Não precisa recomendar ...Mas se você sentiu a dor do Jacob...RECOMENDA AÍ VAI! Esse Jacob merece, lindo, romântico e tudo de bom..
Gente imagina ele viu quem? FANTASMA?...Imagina o próximo capitulo. Gente tenha calma Glaucia ta fazendo dentro das condições de digitação dela...bjs

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